7 de maio de 2013

Fernando Pessoa e Graciliano Ramos

Fernando Pessoa, poeta português, nasceu em Lisboa em 13 de junho de 1888. Órfão aos dois anos de idade, a mãe casou-se novamente com o cônsul português em Durban, África do Sul. Na África do Sul, Fernando frequentou a high school de Durban e recebeu o prêmio Rainha Vitória de estilo inglês, em 1903, no exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Ao regressar a Lisboa, trabalhou como tradutor e correspondente em diversas empresas comerciais; ao mesmo tempo em que se dedicava intensamente à literatura. Matriculou-se na Escola Superior de Letras, mas não concluiu. Participou da publicação de várias revistas literárias, entre elas, Orpheu. A obra de Fernando Pessoa divide-se em ortônima, publicada sob seu próprio nome; e heterônima publicada sob o nome de diferentes poetas que ele criou. São seus heterônimos: Alberto Caeiro, poeta simples e de pouca escolaridade, inspirado na vida do campo e temática bucólica, que acredita no uso das sensações para relacionar-se com a natureza. Outro heterônimo é Ricardo Reis, clássico, apresenta poemas melancólicos e sóbrios, transparecendo seu desencanto com a civilização cristã do século XX. O terceiro heterônimo é Álvaro Campos, que inicialmente apresenta obediência aos padrões métricos fixos e sua poesia tem índole decadentista-simbolista. Posteriormente ele conhece Alberto Caeiro e este torna-se seu mestre, influenciando sua produção poética. Álvaro passa a usar os versos livres e seus poemas traduzem uma inadaptação social e um profundo sentimento de inapetência e impotência diante da vida. No Brasil a obra de Fernando Pessoa é encontrada em Obra Poética e contém entre outros: Mensagem; Cancioneiro; Poemas completos de Alberto Caeiro, Odes de Ricardo Reis; Poesias de Álvaro Campos; Poemas dramáticos, Poemas ingleses; Inéditas; Novas Inéditas... A obra em prosa apresenta muitos textos, além do Livro do Desassossego - por Bernardo Soares. Fernando Pessoa morreu em Lisboa em 30 de novembro de 1935, até hoje sua obra não foi publicada em sua totalidade, pois ele deixou cerca de 27 mil papéis em um baú.Ele é considerado um dos maiores e melhores poetas de todos os tempos.
 
                          

Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo (AL), em 1892. Um dos 15 filhos de uma família de classe média do sertão nordestino passou parte da infância em Buíque (PE) e outra em Viçosa (AL). Fez estudos secundários em Maceió, mas não cursou faculdade. Em 1910, sua família se estabelece em Palmeira dos Índios (AL).
Em 1914, após breve estada no Rio de Janeiro, trabalhando como revisor, retorna à cidade natal, depois da morte de três irmãos, vitimados pela peste bubônica. Passa a fazer jornalismo e política em Palmeira dos Índios, chegando a ser prefeito da cidade (1928-30).
Em 1925, começa a escrever seu primeiro romance, Caetés - que viria a ser publicado em 1933. Muda-se para Maceió em 1930, e dirige a Imprensa e Instrução do Estado. Logo viriam "São Bernardo" (1934) e "Angústia" (1936, ano em que foi preso pelo regime Vargas, sob a acusação de subversão).
Memórias do Cárcere (1953) é um contundente relato da experiência na prisão. Após ser solto, em 1937, Graciliano transfere-se para o Rio de Janeiro, onde continua a publicar não só romances, mas contos e livros infantis. Vidas Secas é de 1938.
Em 1945, ingressa no Partido Comunista Brasileiro. Sua viagem para a Rússia e outros países do bloco socialista é relatada em Viagem, publicado em 1953, ano de sua morte.

                         





Como é a linguagem literária da modernidade? 

A linguagem de hoje procura usar palavras simples e objetivas, de forma que até as pessoas menos estudadas compreendam o conteúdo. Há o jogo de palavras, mas não como antigamente, que a linguagem era mais rebuscada e regrada. A linguagem de hoje está mais livre e "solta". Os autores procuram se expressar de modo claro e objetivo, fazendo a linguagem escrita aproximar-se da falada, e, geralmente, desejam denunciar a realidade como ela é.
Além das inovações técnicas, a linguagem torna-se coloquial e espontânea, mesclando expressões da língua culta com termos populares, e o estilo elevado com o estilo vulgar. Assim, liberto da escrita nobre, o artista volta-se para uma forma prosaica de dizer, feita de palavras simples e que inclusive, admite erros gramaticais.
Os esforços redefini a linguagem artística que se unem a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas.


Poemas de Fernando Pessoa

“Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um. “

Explicação: Enquanto não nos desprendermos da ideia de que para sermos felizes, necessitamos de outra pessoa, continuaremos presos à solidão. Antes de nos entregarmos a alguém é necessário dar valor a si próprio. Faz parte do Modernismo, pois: Tem liberdade de expressão, ele incorpora fatos do cotidiano, possui versos livres, sem preocupação com métrica, rimas, etc.



“Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar... “

Explicação: Nunca sabemos o que realmente é o amor, e por essa falta de conhecimento, amar passa a ser uma inocência, pois não temos noção do que significa. Faz parte do Modernismo, pois: possui a liberdade de expressão do autor onde não há limites para criação, apresenta versos livres, incorporação do cotidiano e apresentação de linguagem coloquial.



Não sei quantas almas tenho 


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.


Explicação: O autor fala que cada momento de sua vida é único,não existe momentos na vida iguais aos que já passaram.O poema é moderno pois autor foi livre para escrever o que sentia e escreveu na 1°pessoa,sendo ele sentindo toda a emoção.


MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Explicação: O poema aponta as virtudes portuguesas que Fernando Pessoa acredita que o país deva se "regenerar", ou seja, tornar-se grande como foi no passado através da valorização cultural da nação.
É Moderno, pois: Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos portugueses.



Não Sei Quantas Almas Tenho 

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Explicação: O eu lírico está olhando pra si mesmo, criticando e indagando seus atos. Faz uma critica de si mesmo em cima da sua forma de viver. 
Faz parte do Modernismo, pois: Possui a liberdade de expressão do poeta, liberdade estética, uso de versos livres, inovações técnicas, que são características do Modernismo. O poema de Fernando Pessoa possui também a questão da heteronímia, que resulta de características pessoais referentes à personalidade do autor: o desdobramento do “eu”, a multiplicação de identidades e a sinceridade do fingimento, uma condição que patenteou sua criação literária.

Poemas de Graciliano Ramos


“Queria endurecer o coração, eliminar o passado, fazer com ele o que faço quando emendo um período — riscar, engrossar os riscos e transformá-los em borrões, suprimir todas as letras, não deixar vestígio de ideias obliteradas.”

Explicação: O autor fala que ele queria eliminar tudo o que havia em seu coração dos acontecimentos do passado para dar espaço para novas ideias.Ele é moderno pois quando expressa “Queria endurecer o coração”, a expressão isso se torna um sentimento, que expressa essa ideia do autor, e expressão é uma característica Moderna.



“Se a única coisa que de o homem terá certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano.”

Explicação: O poema quer dizer que o brasileiro se preocupa com o carnaval, e não com a vida.



“Quando se quer bem a uma pessoa a presença dela conforta. Só a presença, não é necessário mais nada. “

Explicação: O poema quis dizer que quando você gosta de uma pessoa, só a presença dela perto de você faz bem, não precisa de mais nada, só ela do seu lado.



“Queria endurecer o coração, eliminar o passado, fazer com ele o que faço quando emendo um período — riscar, engrossar os riscos e transformá-los em borrões, suprimir todas as letras,não deixar vestígio de ideias obliteradas.”

Explicação: O poema quer dizer que ele não quer mais gostar de ninguém, pois já sofreu bastante e nem quer deixar vestígios da pessoa amada em seu coração.




Angústia 

"Lá estão novamente gritando os meus desejos. Calam-se acovardados, tornam-se inofensivos, transformam-se, correm para a vila recomposta. Um arrepio atravessa-me a espinha, inteiriça-me os dedos sobre o papel. Naturalmente são os desejos que fazem isto, mas atribuo a coisa à chuva que bate no telhado e à recordação daquela peneira ranzinza que descia do céu todos os dias."

Explicação: Os desejos que o perturba, faz com que ele sinta a reação, mas é aflição de não poder ter uma reação que o incomoda. 
Faz parte do Modernismo, pois: tem liberdade de expressão do eu lírico, liberdade estética, inovações técnicas, fluxo de consciência.